No Brasil é muito comum usar “tem” no sentido de existir (em vez de ser no sentido de posse), embora na escola se ensine que nessa situação deve-se usar “há”.
O verbo haver nesse caso é impessoal (isso também é enfatizado na escola e nas gramáticas de português), portanto se diz: “há muitas coisas”, “houve vários transtornos”, “haverá diversas discussões” (e não hão/houveram/haverão).
Até aí, tudo bem. Mas apesar do que a escola prega e para o desprazer dos gramáticos, o uso de “tem” acaba fazendo parte da língua cotidiana e eu gostaria de saber se existe alguma recomendação da sua forma de uso — impessoal como o “há” ou pessoal como o próprio verbo ter em outras situações — ou se a gramática tradicional se abstém totalmente neste caso.
Por exemplo: “Tinha muitas coisas lá” ou “tinham muitas coisas lá”? “Teve vários transtornos” ou “Tiveram vários transtornos”?
Por analogia com o verbo haver, e também por intuição/costume, acho que o correto é manter o verbo no singular, por ser impessoal. Nas frases acima “muitas coisas” e “vários transtornos” são objetos e não sujeito.
Mas também tenho ouvido muitas pessoas usarem o plural, o que me parece um caso de hipercorreção, tentando fazer mais concordâncias verbais (ou nominais) do que o necessário. Isso sempre me soa bem errado, mas como o que estudei só trata do verbo haver, fico em dúvida. Algum autor/professor/etc. já se manifestou sobre isso?