Em Portugal, diz-se preferencialmente:
Ele nasceu no ano de 1981.
Mas sempre:
Ele nasceu no ano 2000.
Qual é a regra?
Em Portugal, diz-se preferencialmente:
Ele nasceu no ano de 1981.
Mas sempre:
Ele nasceu no ano 2000.
Qual é a regra?
As minhas buscas no Google deram uns resultados curiosos. O Google Books mais ou menos confirma a minha intuição, que se traduz numa regra tosca: a propensão a usar o de aumenta à medida que o ano em extenso se torna mais longo. Assim, a esmagadora maioria dos livros escreve no ano de 1974, mas no ano 4, no ano 30 ou no ano 900. Podem ver o números na tabela abaixo. Quando o ano por extenso se alonga um pouco, como 44 (quarenta e quatro é mais longo que novecentos) ou 480, o uso do de aumenta mas continua minoritário. Passamos para anos mais longos, como 323 ou 585, e o uso do de volta a aumentar. Não detetei influência do a.C ou d.C. no uso ou não do de.
Depois nem tudo funciona bem. Por isso é que eu digo que a regra é tosca. Com anos relativamente curtos como 1100, 1200 2 1400, de acordo com a tendência, maioritariamente nos livros não se usa o de; mas com anos igualmente curtos como 1600 ou 1020 já é maioritário o uso do de. Mas não estamos a falar de maiorias tão avassaladoras como as observados com anos do tipo 4, 30, ou 1974. Depois há também a curiosidade de entre os anos longos a predominância do de ser mais marcada em anos do século XX que dos séculos anteriores.
Com os anos 2000 e seguintes, de acordo com a regra, o de é relativamente pouco usado com anos curtos como o próprio 2000 e o 2100, 2200, etc. Mas com anos igualmente curtos, como o 2001, 2002, 2011-2014, já se usa bastante o de. Mas depois, para os anos 2015-2019 já se usa menos. E o mesmo para anos relativamente longos como 2045. É possível que haja uma tendência para usar menos o de com anos futuros.
Anos Google Books Google (só 1º ano da série)
ano de ano ano de/ano ano de ano ano de/ano
4 6 7 8 9 0 35 0,0
30 40 50 70 90 6 118 0,05 84 298 0,28
500 700 800 900 1000 9 129 0,07 108 262 0,41
44 54 64 67 29 101 0,29 151 268 0,55
370 480 570 720 960 20 78 0,26 57 93 0,61
323 325 337 396 476 45 91 0,49 80 123 0,65
585 632 718 768 985 40 49 0,82 80 93 0,86
1100 1200 1300 1400 49 71 0,69 130 136 0,96
1600 1700 1800 1900 112 63 1,78 282 157 1,8
1020 1040 1050 1080 1090 46 30 1,53 35 15 2,33
1290 1580 1640 1790 1820 96 37 2,59 109 14 7,79
1128 1492 1498 1755 1889 108 31 3,48 80 20 2,76
1974 1975 1985 1987 1998 222 36 6,17 270 231 1,17
2000 82 160 0,51 201 280 0,72
2001 2003 2005 2008 2010 360 189 1,90 249 340 0,73
2011 2012 2013 2014 172 88 1,95 339 372 0,91
2015 2016 2017 2018 2019 73 70 1,04 341 332 1,03
2021 2022 2035 2045 2075 43 45 0,96 202 79 2,56
2020 2030 2040 2050 2060 120 119 1,01 312 313 1,00
2100 2200 2300 2400 2500 20 53 0,38 243 218 1,11
Quanto ao Google geral, o primeiro número de resultados que o Google nos indica dá uma vantagem avassaladora ao uso do de mesmo nos anos curtos. Se avançarmos pelas páginas, às tantas recebemos uma mensagem a dizer que nos é mostrado apenas um certo número de resultados, e que os outros são semelhantes e omitidos. São estes números, muito mais baixos, que eu publico aqui. Estes aproximam-se normalmente dos resultados do Google Books, como algumas exceções surpreendentes. No ano 1974 é quase tão frequente como no ano de 1974. Vi para 1998 e dá o mesmo! Os resultados para o ano de 1290 também são surpreendentes (para 1580 dá parecido).
Bem, em pt-BR não parece haver uma regra a respeito, mas posso responder sobre o que se ouve e o que se lê.
Informalmente, mais frequentemente costumamos dizer...
Nos exemplos acima, se fôssemos incluir "no ano", também incluiríamos a preposição "de".
Quando não usaríamos a preposição?
Exceções existem. E, conforme disse no início, não parece haver uma regra.