O par de frases seguintes é perfeitamente pacífico:
(a1) Desejamos vencer.
(a2) Vencer é tudo o que desejamos.
Mas como fica se usarmos um verbo com preposição? Comecemos com aspirar a no sentido de desejar (Aulete 4). Indico três possibilidades, com o número de resultados do Google search entre parenteses (apenas para “tudo ao/a/o que aspiro + aspiras + ... + aspiram”):
(b1) Aspiramos a vencer.
(b2) Vencer é tudo ao que aspiramos. (5)
(b3) Vencer é tudo a que aspiramos. (65)
(b4) Vencer é tudo o que aspiramos. (49)
A lógica parece ditar (b2): ao o da expressão tudo o que juntamos a preposição a requerida pelo verbo aspirar. Os internautas parecem não ser muito sensíveis a esta lógica. E eu também não sou extraordinariamente sensível, porque (b3) é a opção que me soa melhor. A (b4) tenho quase a certeza que está errada, Parece-me que não podemos dispensar a preposição, sob pena de o significado de aspirar mudar de “desejar” para “sugar”. No entanto (b4) é é muito comum na net (depurei os resultados de falsos positivos como tudo o que aspiramos a ser, tudo o que o [aspirador] aspira, etc.)
Vejamos agora a preposição por:
(c1) Lutamos pelo futuro dos nossos filhos.
(c2) O futuro dos nossos filhos é tudo pelo que lutamos. (154)
(c3) O futuro dos nossos filhos é tudo por que lutamos. (38)
(c4) O futuro dos nossos filhos é tudo o que lutamos.
Neste caso a preferência, ainda que não tão marcada, é a inversa: (c2), preposição por + o; enquanto que no caso anterior a opção equivalente, (b2), é rara. Incluí a (c4) só para ser exaustivo, pois não me parece fazer qualquer sentido. Nem indico os números, porque a maior parte dos resultados não seguem o padrão da minha frase.
Então quais são as opções corretas: tudo a que ou tudo ao que? Ou são as duas? E o mesmo para tudo por que ou tudo pelo que?