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Pela nova reforma ortográfica da língua portuguesa não existe mais acento diferencial em palavras homográficas.

Exemplo:
Para (verbo) = Para (preposição)
Pelo (substantivo) = Pelo (contração)

A forma escrita do verbo "para" ficou idêntica à preposição "para".

É claro que dependendo do contexto podemos diferenciar o verbo da preposição.

Mas isso não gera dúvidas em alguns casos?

Por exemplo se uso "para" de forma isolada em um chat.

Denis Caixeta
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    Evite utilizar de forma isolada – LucasMotta Jul 16 '15 at 11:57
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    Adenda: em Portugal essas duas palavras não são homógrafas. – ANeves Jul 16 '15 at 12:43
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    Com o acordo ortográfico ficaram homógrafas "para(verbo)/para(preposição)". Na pergunta está a forma antiga, mas retirei. – Denis Caixeta Jul 27 '15 at 11:39
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    Gera dúvidas? Sim, às vezes. Por que caiu? Porque quem decidiu isso também é humano e às vezes toma decisões ruins. E também é humano evitar admitir o erro :-( – marcus Aug 17 '15 at 14:18
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    Em caso de dúvida, coloca-se o acento. Aqui há uns tempos houve uma publicidade para o canal do Benfica cujo slogan era 'pára tudo'. Se se parasse para ler as letras miudinhas, via-se que tudo no poster respeitava o acordo ortográfico... excepto, claro, a mensagem. – SC for reinstatement of Monica Feb 03 '17 at 16:43

3 Answers3

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Na verdade alguns acentos diferenciais como por (preposição) e pôr (verbo) ou pôde (pretérito perfeito do indicativo do verbo poder) e pode (presente do indicativo do verbo poder) foram mantidos. Também foram mantidos os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir.

Todas alterações introduzidas com o novo acordo ortográfico tiveram como objetivo a (pretensa) unificação ortográfica dos países que têm (olha só um uso de acento diferencial!) a língua portuguesa como idioma oficial. Deve ter se acreditado que esta unificação fosse mais benéfica que eventuais dúvidas na escrita.

Américo Tavares
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gmauch
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    +1 por (pretensa) – iled Dec 24 '15 at 13:25
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    Nunca percebi o alarido com a supressão de alguns acentos diferenciais para palavras homógrafas não homófonas, quando tal é prática na língua muito antes do AO90 e já então levantando ambiguidades. Vejamos: acordo com a minha mulher É o acordo a primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo acordar, ou seja sair do sono; ou refere-se unicamente ao substantivo referente ao entendimento entre duas pessoas? – João Pimentel Ferreira Jan 14 '18 at 13:04
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O objetivo principal do Acordo Ortográfico de 1990 foi unificar as grafias. Mas neste caso as palavras alteradas já antes tinham grafia igual em todos os países lusófonos, pelo que o motivo foi apenas simplificar as grafias. As palavras afetadas estão listadas abaixo (com links ao Priberam) na grafia antiga; na grafia do AO 90 escrevem-se todas sem acento:

pára (de parar) e para (preposição)
péla (‘bola’), péla, pélo (de pelar) e pela, pelo (contração de preposição com artigo)
pêlo (‘cabelo’) e pelo (contração de preposição com artigo)
pêra (fruto), péra (forma antiquada de pedra) e pera (preposição antiga)
pólo (vários substantivos) e polo (antigo; agora pelo, por o)

Um anexo da lei portuguesa do Acordo Ortográfico apresenta alguns princípios e motivos que orientaram as alterações. Acerca desta supressão, diz (ponto 4.1) que ela é coerente com a reforma de 1971 no Brasil e de 1945 em Portugal, as quais aboliram acentos diferencias em casos semelhantes; por exemplo os substantivos que na grafia anterior a essas reformas se escrevia (o) acôrdo e (o) acêrto, e que com a eliminação do acento passaram a ser homógrafos de (eu) acordo, (eu) acerto. Diz ainda que as palavras que se tornam homógrafas com a supressão destes acentos pertencem a classes gramaticais diferentes, o que facilita a identificação do seu significado.

No entanto, confusões são sempre possíveis. Houve aqui em Portugal quem facetamente apontasse que a frase seguinte fica agora ambígua:

Alto… e para o baile!

Na atual grafia isto tanto pode querer dizer ‘alto… e vamos para o baile’ ou ‘alto… e que pare o baile’. Quer-me parecer no entanto que não há motivo para grandes preocupações. A verdade é que mesmo na grafia pré-AO 90 estes acentos diferenciais (em paroxítonas) eram exceções entre as centenas de pares ou mesmo ternos de palavras homógrafas e homónimas sem acentos diferenciais, e que nós compreendemos sem problemas pelo contexto. Deixo aqui uns exemplos:

Era uma era turbulenta.
Sede vigilante: há uma grande sede de poder na sede do Partido Revolucionário.
Chama a ateia que ateia a chama.
Não cobres muito por esse cobre que já nada cobre.
Encontrei-o no caminho, quando vinha da vinha.
Disse-lhes que não vale a pena descer ao vale.
Mas eles vão. Em vão.
Mesmo de luto, luto.

Jacinto
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  • Muito interessante essa do acôrdo e acêrto, nunca tinha pensado nisso. – Jorge B. Nov 15 '16 at 22:03
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    @JorgeB. Há resmas de casos desses (não tenho a certeza se se usava acento diferencial, mas eu vou usar para ilustrar): o gôsto, eu gosto; o encôsto, eu encosto; o apêrto, eu aperto, o consêrto, eu conserto, o entêrro, eu enterro, o tempêro, eu tempero; o desespêro, eu desespero. – Jacinto Nov 15 '16 at 22:09
  • Atenção que era (substantivo) e era (forma verbal do verbo ser), e muitos dos outros exemplos, já são também pares homófonos, o que não é o caso de para e pára. De facto julgo que houve uma pequena revisão atual ao AO90 que tratou exatamente deste tópico. – João Pimentel Ferreira Jan 02 '18 at 02:04
  • @João, é verdade, e eu refiro-o no texto; o ponto é que a supressão dos raros acentos diferenciais da grafia pré-AO80 dificilmente gerará confusão, uma vez que nós conseguimos facilmente identificar a palavra pretendida em pares de homónimos ou homógrafos. – Jacinto Jan 14 '18 at 12:06
  • Verdade! Até porque antes do AO90 tal já acontecia. acordo com a minha mulher É o acordo a primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo acordar, ou seja sair do sono; ou refere-se unicamente ao substantivo referente ao entendimento entre duas pessoas? – João Pimentel Ferreira Jan 14 '18 at 12:59
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Vejamos:

Os acentos diferenciais servem para distinguir graficamente formas idênticas de palavras pertencentes a categorias gramaticais diferentes.

Exemplos de palavras alteradas por este Acordo Ortográfico são:

  1. pelo: (contração da preposição latina per + artigo masculino singular o) ;

  2. pêlo: substantivo comum, masculino;

  3. pêra: substantivo;

  4. pára: verbo;

  5. para: preposiçâo;

  6. pólo: extremidade

  • Quanta incongruência. E pensar que existam pessoas que pensem que um idioma não se possa orientar, até mesmo na ortografia, em direção à Fonética que também é importantíssima. – tucasilvapontes11584 Nov 09 '16 at 06:31
  • O ser humano adora tomar decisões que não imediatamente, mas a longo prazo, danificam a si mesmo e ao próximo. O dano não é só físico, mas pode ser de várias formas, inclusive ideológicas. – tucasilvapontes11584 Nov 09 '16 at 06:41
  • Às vezer, muma frase, estas palavras como se escrevem atualmente, podem parecer-se trocadilhos. – tucasilvapontes11584 Dec 16 '16 at 13:13