A frase não é gramatical na língua padrão em Portugal e pelos vistos no Brasil também não. De acordo com a Gramática do Português da Gulbenkian (Lisboa, 2013, vol. II, p. 1927-34), existem vários verbos que admitem complementos diretos oracionais infinitivos (como o da frase em questão), mas introduzidos por para, só mesmo os verbos diretivos, como dizer, implorar, insistir e pedir; nesse caso o infinitivo é flexionado. Exemplos meus:
Ele pede para eu comprar um tacho? [= que eu come um tacho.]
Ela disse para tu comprares um tacho. [= que tu compres um tacho.]
Os verbos dizer, pedir e querer pedem um complemento direto: dizer/pedir/querer algo. Nestes exemplos o complemento direto, a itálico, é uma oração com o verbo no infinitivo; daí a Gramática lhe chamar “complemento direto oracional infinitivo”.
O verbo querer admite complemento direto oracional infinitivo (não flexionado), mas não introduzido por para, como em (exemplos da Gramática, p. 1933-4):
(93) a. Os professores querem/desejam negociar um salário melhor.
[…]
(94) a. O cozinheiro quer ser ele a decorar a travessa.
A Gramatica do Português é uma gramática descritiva baseada primeiramente no português europeu. É fácil de ver que estas conclusões se aplicam também à língua escrita no Brasil. Procurei no Corpus do Português e encontro na literatura e imprensa brasileiras, tal como nas portuguesas, exemplos destes complementos diretos oracionais infinitivos introduzidos por para com verbos diretivos; nas não encontrei nem um com querer. (Procurei “[querer] para eu”, que busca todas as flexões de querer, e repeti com tu, ele, você, etc.) Agora, isto não elimina a possibilidade de esta estrutura com querer ser aceitável, pelo menos coloquialmente, em São Tomé ou outros países.