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Numa resposta sobre uma dúvida da grafia de nené/neném/nenê é citado uma obra de autor português de 1902 (Luiz D'Araujo Junior, Por causa d'um algarismo, 1902) onde consta:

Em ella tendo o primeiro néné, baptisado de gratis...

Os professores de língua portuguesa no Brasil não cansam de repetir que esta expressão é incorreta, sendo o correto usar "de graça", "grátis", ou "gratuito". Exemplos declarando que é incorreto não faltam na internet, mas sem muitas explicações dos motivos de ser incorreto.

Se é incorreto, o texto de Luiz D'Araujo Junior está errado, ou modificações aconteceram na língua que tornaram esta expressão incorreta ? Quais ?

Uma das fontes que aponta como expressão incorreta: vestibular uol

Luciano
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  • Eu nem tinha reparado nesse "de grátis"; não me lembro de ter ouvido cá por Portugal. Há no Brasil quem diga? Para haver professores a corrigir... – Jacinto Aug 25 '17 at 20:37
  • @Jacinto. Sim, é uma expressão informal bastante comum. – Seninha Aug 25 '17 at 21:05
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    Sim há @Jacinto. Alguns o dizem de propósito para soar engraçado, outros o dizem provavelmente por ter aprendido a falar assim. Eu uso às vezes para soar engraçado. – Luciano Aug 25 '17 at 21:53
  • @Luciano Eu também uso pra soar engraçado. Assim como "é de grátis", também tem "é 0800" :-) – Filburt Nov 08 '17 at 15:18
  • No texto é "de gratis" e não "de grátis". Poderia ser Latim? Ou seja, talvez justificando o uso...? – Lambie Dec 02 '17 at 16:07

2 Answers2

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Parece-me difícil justificar o uso de de grátis (nem nunca ouvi sequer tal coisa). Todos os dicionários o dão como adjetivo (=gratuito) e, mais relevante para a pergunta, como advérbio (=gratuitamente).

Já sendo um advérbio, dizer de grátis faz tanto sentido como dizer *de gratuitamente. O complemento de um sintagma preposicional tem de ser um sintagma nominal (ou uma frase). Por exemplo, temos de repente (repente é um nome), mas apenas repentinamente (não *de repentinamente).

Artefacto
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O uso dessa forma é considerado errado atualmente apesar de ser até comum vê-la sendo utilizada no escopo do português coloquial. Porém como o texto é de 1902, para a época era a forma correta, visto que o coloquial era comum e não haviam ainda formalizações bem estruturadas.

Mateus
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