O dicionário Michaelis e o Ciberdúvidas dizem apenas que eis pode ser reforçado com aqui, aí ou ali; não dizem que tem de ser. E em particular ei-lo, ei-la sem aqui nem ali são-me bastante familiares. Naturalmente, o pronome tem de se referir a algo mencionado antes ou a seguir. Temos um exemplo no Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa (2001):
eis […] Eis a noiva, ei-la!
Exemplos da Literatura:
[…] anunciaram a chegada dele. Vem vindo! Ei-lo! Saltou lesto de um landô.
José Soares de Melo, História da oração aos moços, 1974.
Conselheiro — Depois tudo te contarei. É teu noivo. Não tarde aí. (Fernando Aparece) Ei-lo.
Teatro de Artur Azevedo
E ei-la, a morte! e ei-lo, o fim!
Olavo Bilac, Antologia Poética
Com as outra pessoas gramaticais não me soa tão familiar, mas encontrei eis-me:
Deixaram-me sozinho com Silvestre, enquanto se preparavam para a emergência.
—Eis-me—suspirou.
Mia Couto, Antes de nascer o mundo, 2009
Minha terra: eis-me,
Poeta sendo, rei sou
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, 1961
Bastante comum sem aqui, aí, alí, é quando vem seguido de uma descrição qualquer do estado da pessoa ou do que ela está a fazer. Exemplo do Houaiss (Lisboa, 2002):
eis […] tantos anos depois, eis-nos envelhecidos e enfraquecidos
Outros exemplos:
Eis-me a teus pés, oh Christo!
Cândido de Figueiredo, Quadros Cambiantes, 1867
E eis-me chegado, ao menos no domínio vocabular, ao campo do mais recente ensino deste Instituto […]
Estudos de ciências políticas e sociais, 1967
Portanto parece-me que o aqui, ali, etc. serve mesmo só para reforçar ou por uma questão de eufonia: simplesmente Procuravas-me? Eis-me! soa um bocado brusco. O Mia Couto escreveu simplesmente eis-me; mas o Mia Couto é o Mia Couto.