Em Portugal, como eu falo e como sempre ouvi falar, esse a é fechado quando é átono (1ª e 2ª pessoa do plural) e é aberto quando é tónico (restantes pessoas). Isto é válido não só de trazer mas da maioria dos verbos e outras palavras em geral. Isso mesmo afirma a Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunha e Lindley Cintra (Lisboa, 2014, p. 520), que também confirma o que o Schilive disse nos comentários: que no Brazil esse a é sempre aberto.
Vou exemplificar (a pronúncia de Portugal), usando [ɐ] para representar o a fechado e [a] para o aberto (são os símbolos do alfabeto fonético internacional):
infinitivo eu tu ele nós vós eles
(fechado) (fechados)
tr[ɐ]zer: tr[a]go tr[a]zes tr[a]z tr[ɐ]zemos tr[ɐ]zeis tr[a]zem
l[ɐ]var: l[a]vo l[a]vas l[a]va l[ɐ]vamos l[ɐ]vais l[a]vam
p[ɐ]tir: p[a]rto p[a]rtes p[a]rte p[ɐ]rtimos p[ɐ]rtis p[a]rtem
Naturalmente, o a também fechado nas formas arrizotónicas de outros tempos. Por exemplo no indicativo de trazer, todas as pessoas do imperfeito, futuro, etc. — tr[ɐ]zia, tr[ɐ]rei... E a mesma coisa acontece noutras palavras:
c[a]r[ɐ], c[ɐ]rinh[ɐ], c[ɐ]rinho, c[ɐ]ríssimo
/bɐtatɐ, bɐtɐtadɐ/
Isto é o fenómeno geral da redução do a átono no português europeu. Só se aplica ao a oral (o nasal é fechado mesmo quando tónico, canto, acampo) e monotongo (o a é aberto nos ditongos mesmo quando átono, causamos, pairamos). Mesmo nos orais monotongos há mais exceções. O a é aberto mesmo que átono quando forma sílaba com um l a seguir (saltamos); e é fechado mesmo que tónico quando seguido de consoante nasal ([ɐ]mo, ab[ɐ]no, ap[ɐ]nho); exceção a esta exceção é o a aberto em g[a]nhar, g[a]nho, g[a]nhamos, etc. (ver esta pergunta) e na primeira pessoa do plural do pretérito do indicativo dos verbos em -ar (lev[a]mos, por oposição a lev[ɐ]mos no presente).
Nos verbos este padrão é quase universal. Nas palavras de outras classes há mais exceções. Por exemplo, o a tónico do radical mantém-se aberto quando passa a átono nos advérbios em -mente (facilmente, raramente), nos diminutivos em -zinho (devag[a]rzinho), mas não nos em -inho (devag[ɐ]rinho). Mantém-se aberto mesmo que átono em palavras como contr[a]ção. Nalgumas desta palavras o a era na grafia pré AO90 seguido de consoante muda (contracção), mas noutras não era—infl[a]ção nunca teve consoante muda.
Há o fenómeno paralelo da elisão do e átono ou a sua redução a /ɨ/ (som quase inaudível que não existe no português brasileiro, comparem gelar pronunciado por portuguesa e brasileiros; v[ɛ]lo, com e aberto, mas v[ɨ]lamos ou vlamos) e da redução do o átono a [u] (g[ɔ]sto, com o aberto, mas g[u]stamos). Nos verbos isto acontece, tal como em trazer, na 1ª e 2ª pessoa do plural do presente do indicativo e subjuntivo. Novamente, em Portugal mas não no Brasil. Celso Cunha e Lindley Cintra explicam isto exaustivamente (p. 519-28).