O latim tinha três gêneros: o masculino (homo), o feminino (mulier) e o neutro (alcohol). Há algum traço no português que advenha do gênero neutro latino?
Um gênero gramatical é uma característica muito forte, então, acho difícil não haver nada.
O latim tinha três gêneros: o masculino (homo), o feminino (mulier) e o neutro (alcohol). Há algum traço no português que advenha do gênero neutro latino?
Um gênero gramatical é uma característica muito forte, então, acho difícil não haver nada.
Todo substantivo da língua portuguesa é acompanhado de gênero. Alguns substantivos, porém, possuem seu gênero inferido através do artigo. Por exemplo, os substantivos relacionados à cargos, terminados em "ente":
Ou seja, eu posso dizer tanto "O assistente" quanto "A assistente", as duas formas estão corretas, porém não existe forma neutra: a palavra necessariamente deve ser acompanhada de artigo, e o artigo sempre terá um gênero: masculino ou feminino.
Alguns pronomes e preposições não possuem gênero, como "e", "de", "tudo", "nada", etc. Isso não significa que possuem gênero neutro, uma vez que não são acompanhados de nenhum indicador de gênero.
Ou seja, por mais que seja possível encontrar na Língua Portuguesa palavras que possam ser masculinas ou femininas (mas não os dois ao mesmo tempo) e palavras que não possuem gênero, não existem termos reconhecidos na norma atual que aceitam algum tipo de alternativa ou variação correspondente à um terceiro gênero especificamente neutro.
Vale notar que, com o advento da Internet e o crescimento de movimentos socias que questionam a não-neutralidade de gênero, foram desenvolvidos pronomes intitulados como "neutros", como "elu", "elx", "el@", "meninx", "amigues", etc. Estes termos, apesar de eventualmente presentes em textos empresariais, políticos e até mesmo acadêmicos, não são reconhecidos por nenhuma grande instituição da Língua Portuguesa e são raramente utilizados em documentos oficiais com validez jurídica. Também vale notar que vários destes termos não são utilizados na língua falada por não possuírem pronúncia definida.
Dito isso, não podemos afirmar que existem gêneros neutros na Língua Portuguesa, mas certamente existem propostas para incluí-los na norma, o que aparentemente não acontecerá tão cedo.