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No Brasil é costume não traduzir palavras estrangeiras, ao contrário de Portugal, onde palavras e também nomes próprios costumam ser traduzidos.

No Brasil costuma-se manter no original até mesmo siglas. Sei que em Portugal é costumeiro traduzir palavras estrangeiras, mas o mesmo se aplica a siglas? Consigo pensar em um exemplo famoso dessa diferença, a doença conhecida como AIDS no Brasil é aportuguesada como SIDA em Portugal, mas o mesmo se aplica em outros casos?

Para que a questão não seja considerada muito ampla (siglas de maneira geral), enumero a seguir alguns exemplos de siglas não traduzidas no Brasil e gostaria de saber como são usadas em Portugal.

Na área de tecnologia:

  • Laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation)
  • Led (Light Emitting Diode)
  • USB (Universal Serial Bus)

Na área automotiva:

  • ABS (Antilock Braking System)
  • EBD (Eletronic Brake-Force Distribuition)
  • ESP (Eletronic Stability Program)

Órgão internacionais:

  • UNICEF (United Nations Children's Fund)
  • UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization)
  • FAO (Food and Agriculture Organization)
vinibrsl
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gmauch
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As siglas e acrónimos apresentados na questão são também os usados em Portugal.

Na área da tecnologia parece-me ser uma tendência muito generalizada manter em Portugal as siglas e acrónimos originais. Posso acrescentar o CD (compact disk), PC (personal computer), DVD (digital video disk, funciona também em português), RAM (random-access memory), ROM (read-only memory), e coisas mais antigas como UHF (ultra-high frequency) ou TGV (train à grande vitesse, embora por extenso se diga comboio de alta velocidade).E ao contrário do afirmado na questão, usa-se também muitas palavras estrangeiras: air-bag, cockpit, laptop (concorre com portátil), browser, blogg, e-mail, site; e adaptações como net e mail.

Nos nomes de instituições usamos siglas e acrónimos baseados no nome inglês nuns casos, no nome em português noutros. Talvez uma coisa que influencie a escolha seja, para além de o nome por extenso ser ou não frequentemente usado, seja a facilidade de pronunciar o acrónimo. Por exemplo, nós dizemos NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) possivelmente por ser mais eufónico que OTAN. Do mesmo modo dizemos EFTA e não AELC (Associação Europeia de Livre Comércio, da qual Portugal foi membro). Mas dizemos CEE (Comunidade Económica Europeia, predecessora da União Europeia).

Talvez isto tenha também contribuído para a preferência por SIDA: é, convenhamos, mais eufónico que AIDS

Jacinto
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Na idade média era essencial a unidade línguística e religiosa como forma de um país manter suas fronteiras bem definidas. Todos os governantes tentaram, em maior ou menor grau, manter a língua de seu reino livre de estrangeirismos. Os portugueses, como "donos da língua" sempre zelaram muito mais por sua integridade que os outros povos falantes, a ponto de que em certa época não se podia registrar um filho com um nome estrangeiro ou inventado. E aqui, uma correção: conforme menciona @Artefacto em seu comentário, essa proibição é válida até os dias de hoje. Quanto a nós, brasileiros, é verdade que somos mais abertos a estrangeirismos, até nos nomes próprios. Mas, mesmo assim, no tocante às siglas, também as traduzimos. E os exemplos são muitos: ONU, OEA, OTAN, UE, EUA, URSS, DST, TOC, UTI, IAM, DPOC, RTU, etc.

PS Não houve nenhuma intenção de sarcasmo quanto a expressão "donos da língua". Realmente, no meu ponto de vista, os portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, etc. são os donos de línguas que outros povos "tomaram emprestada" e que em alguns casos transformaram em dialetos.

Centaurus
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    Ainda não se pode, a não ser que um dos pais seja estrangeiro. Podes ver a lista aqui. Não é como vais da premissa (falsa) de sermos os donos da língua para aí. De resto, podíamos dar argumentos em sentido contrário, como uma menor tendência a aportuguesar estrangeirismos e deixá-los na forma original, o que faz com que em dados círculos cada frase tenha 2 palavras pronunciadas à inglesa. – Artefacto Dec 10 '15 at 00:06
  • @Artefacto Acho que a expressão "donos da língua" foi mal compreendida. Não houve nenhum tom de sarcasmo: os portugueses realmente são os donos da língua no sentido que todos os outros povos que a falam tomaram-na emprestada. Os ingleses e os franceses também são donos da língua falada por americanos, canadianos etc. – Centaurus Dec 10 '15 at 00:11
  • @Artefacto Interessante a lista. Encontrei, no entanto, alguns nomes tipicamente estrangeiros que são permitidos: Astrid, Barac, Brian, Elton, Franklin, etc. – Centaurus Dec 10 '15 at 00:42
  • Muito estranho. Creio que o que a legislação diz é que nomes estrangeiros são permitidos, desde que adaptados às regras ortográficas da língua, o que não o caso desses nomes. – Artefacto Dec 10 '15 at 08:48