14

Porque é que são permitidas, no Brasil, palavras como leiaute se poderíamos perfeitamente usar o estrangeirismo layout?

Afinal, escrever leiaute, é escrever como se lê layout.

Existem mais algumas palavras assim como skatista, eslaide, se alguém puder comente com mais palavras do género, por favor.

Jorge B.
  • 6,900
  • 11
  • 42
  • 84
  • 1
    Nunca vi essa forma ortográfica no Brasil e nem em Portugal. Se alguém encontrou a palavra "leiouti", devem ter sido casos isolados. Transliteração é uma coisa, escrever errado é outra. Muita gente escreve errado no Brasil. – Centaurus Aug 07 '15 at 17:15
  • @Centaurus http://www.dicio.com.br/leiaute – Jorge B. Aug 10 '15 at 08:39
  • @JorgeB. É verdade. Nunca havia visto essa forma aportuguesada. – Centaurus Aug 10 '15 at 13:41
  • Isso se usa porque o pessoal não sabe que layout é diagramação e que a palavra é mais comprida: https://pt.wikipedia.org/wiki/Diagrama%C3%A7%C3%A3o – Lambie Apr 28 '16 at 18:21
  • 1
    @Lambie diagramação não é layout. Pelo menos não encontrei ligação na minha pesquisa. – Jorge B. Apr 28 '16 at 18:34

4 Answers4

7

Geralmente (mas não necessariamente sempre) quando palavras em inglês são transliteradas para o português, a intenção é facilitar a compreensão de quem pode não saber a pronúncia de palavras em inglês, podendo ler, por exemplo, "layout" como "laiouti". E a pessoa pode ter ouvido falar nisso mas não lido, e para ela continuar sabendo o que é, mesmo não sabendo a pronúncia correta da palavra, usa-se a transliteração.

Eu já vi uma vez em um gibi da Turma da Mônica em que foi usado "esqueite", e eu que era criança na época, achei bizarra essa transliteração.

Outra situação onde isso é visto, são em traduções para o português feitas de forma muito literal, preservando os termos em inglês, mas transliterando-os.

Mas são muito pouco usadas essas transliterações.

Yuuza
  • 5,191
  • 7
  • 38
  • 71
  • Eu li a mesma edição, eu lembro de ter lido "esqueite". Eu fiquei dois minutos tentando entender se aquilo estava certo. – Chigurh Jul 17 '15 at 18:56
  • 1
    Espero que não vire moda, pra mim é uma aberração. – Jorge B. Jul 17 '15 at 18:59
  • 1
    A intenção foi facilitar e acabou piorando mais ainda. Eu lembro que eu fiquei "ahn? Esqueite? Por que não usar skate?" As crianças sabem o que é skate, não precisa disso. – Yuuza Jul 17 '15 at 19:10
  • Isso é visto por muita gente como desnecessário, mas ainda assim tem gente que vê uma necessidade pra isso. – Yuuza Jul 17 '15 at 19:12
  • 1
    @BrunoLopes O melhor era instruir as pessoas a saberem falar inglês e não destruír o português. – Jorge B. Jul 17 '15 at 19:42
5

Não creio que seja questão de ser "permitido". A língua não pede permissão pra ninguém e chega ao ponto que obriga o dicionário a incorporar certa palavra.

E o Brasilsão abusa tanto, mas tanto:

Como é que se diz pleigraunde * em Inglês? Fun floor, ora bolas!

* Playground

brasofilo
  • 532
  • 3
  • 15
3

Acho que não há uma (só) lógica. Algumas palavras são aportuguesadas (futebol, leiaute, pênalti, deletar, locaute, blecaute), outras continuam como estrangeirismos (skate, slide, loop, footing, playground, software), outras ainda são rejeitadas por desnecessárias (centeraufo, hostel - pelo menos no Brasil), outras são adotadas temporariamente e depois descartadas em prol de algum neologismo ou outro empréstimo (corner/córner, substituída por escanteio, back/beque, por zagueiro). E às vezes o aportuguesamento respeita a forma falada, como leiaute, e outras a forma escrita, como rúgbi. E há as que são adotadas mas passam a designar algo diferente, como o caso de "motel", originalmente "hotel barato, de beira de estrada", que, não sei bem por quê, virou "hotel para encontros sexuais".

Me parece que verbos tenderão a ser aportuguesados mais rapidamente, por causa da conjugação (delete não pode continuar "delete" por que precisamos de deleto, deletei, deletáveis, deletaríamos - a não ser que seja substantivado, dá um delete aí).

E com certeza as palavras que são aportuguesadas respeitando a forma escrita são empréstimos literários; aquelas que são aportuguesadas respeitando a forma falada são empréstimos orais, falados antes de serem escritos.

Ainda parece que há dinâmicas diferentes no Brasil e em Portugal. Por quê diabos "o idioma português Portugal não aceita palavras estrangeiras" e aí me aceita substituir o bom, velho e castiço português "albergue" por hostel, enquanto a casa da mãe Joana que é o Brasil, onde tudo se importa sem que ninguém se importe, rejeita semelhante absurdo e segue firme com albergue, pousada, abrigo? Mistério... pelo menos para mim.

Luís Henrique
  • 2,612
  • 1
  • 11
  • 18
  • Gostei muito da tua resposta, dá que pensar. Mas porque usar deletar quando já existia apagar que é a tradução livre de delete? É meio estranho, só isso... – Jorge B. Aug 15 '16 at 20:09
  • @JorgeB. - Obrigado. Talvez por modismo, ou talvez para marcar a diferença entre "apagar" algo que está realmente escrito, preto no branco, tinta no papel, e "deletar" algo que só tem existência virtual? Não sei, e não sei por que uma coisa ocorre no Brasil e outra em Portugal. – Luís Henrique Aug 15 '16 at 20:25
  • A do hostel é certamente por ser mais cool, é a moda aqui. Se calhar é mesmo só isso, uma moda. Eu quando fiz esta pergunta era mais conservador no português, agora já sou um bocadinho menos, porque a verdade é que quem faz a língua são as pessoas. – Jorge B. Aug 15 '16 at 20:30
  • 1
    @JorgeB. - Não sei, talvez os portugueses vejam alguma diferença, para eles importante, entre "hostel" e albergue/pousada/hospedaria, que os brasileiros não vêem... Talvez coisa de um país com mais turistas, onde é importante demarcar "espelunca pseudo-sofisticada para uso de otários estrangeiros" de "espelunca sem pretensões, para uso dos nacionais, que sabem que estão a ser tungados"? – Luís Henrique Aug 15 '16 at 20:35
  • Talvez seja mesmo isso... – Jorge B. Aug 15 '16 at 20:36
2

Porque existe uma imensidão de estrangeirismos na lingua portuguesa e sem aportuguesamentos seria um pesadelo decorar a grafia de todos eles, um bocado à semelhança do que acontece no inglês.

Por exemplo, a maioria das pessoas não iria saber como ler yacht.

Rui Fonseca
  • 519
  • 2
  • 6