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I've noticed that "ah" is the only time when an h is used at the end of a word/interjection. Based in what I know, there's no "ah" without the h as an interjection.
Putting an h at the end is common in other languages , as in English ("oh", "ah", etc.). But in Portuguese, e.g. "ó" doesn't have an h at the end (or this is not the standard, at least).

Also there's "ih" and "uh".

This h at the end of these interjections come from Portuguese or are "imported" from another language(s)?


Pelo que percebo, "ah" é o único caso em que se usa um h no fim de uma palavra/interjeição. Que eu saiba não existe "ah" sem o h como uma interjeição.
Colocar um h no fim é comum em outros idiomas, como no inglês ("oh", "ah", etc.). Mas no português, como por exemplo "ó" não usa h no final (ou pelo menos não é esse o padrão).

Tem também "ih" e "uh".

Esse h no final dessas interjeições é do próprio português mesmo ou é "importado" de outra(s) língua(s)?

Jacinto
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Yuuza
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3 Answers3

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Atualmente existem todas as combinações possíveis: ah, eh, ih, oh e uh (ver no Aulete). Ah e oh são antigas e já vêm, com h, do latim, em que também se escrevia simplesmente o em lugar de oh (Aulete). No entanto, em português, as grafias mais antigas são sem h: a, o e oo. Só passamos a encontrar o h do século XVI em diante; sistematicamente no caso do ah, esporadicamente no caso do oh; as grafias o e oo mantiveram-se até ao século XVIII. As restantes interjeições aparecem, com frequência apreciável, na literatura do século XIX (Corpus do Português); imagino que o h tenha sido por analogia com ah e oh.

Há uma diferença entre oh e ó, que está muito bem explicada no Dicio. Oh é uma interjeição de surpresa, desgosto, felicidade, etc. Na fala é seguida de pausa, que se pode indicar na escrita por ponto de exclamação, vírgula ou reticências

Oh! que coisa linda.

Eu a chamá-lo e ele, oh! a fingir que não ouvia.

Ó é também uma interjeição, mas tem função vocativa, para chamar a atenção:

Ó João, passa aí o vinho.

Ó meu malandreco, isso não se faz!

Segundo o linguista britânico Roger Fowler, citado no Etymoline, também no inglês há uma tendência para usar oh e o desta maneira: oh como interjeição independente, e o procliticamente, “inclinado” sobre a palavra seguinte, como em ó João, vem cá. Encontram-se no entanto em muitos livros em português oh em lugar de ó.


Segundo o Houaiss (Lisboa, 2002), ah encontra-se no português a partir do século XIII, e oh a partir do XIV. Mas o Houaiss indica as primeiras ocorrências de uma palavra independentemente da grafia. Nós encontramos ah em transcrições atuais de cantigas de escárnio e maldizer do século XIII, mas nas cópias mais antigas que encontrei, do Cancioneiro de 1527 da Biblioteca Nacional, o que se encontra é simplesmente a. Vejam por exemplo esta cantiga de Gil Peres Condes (que tem o til na vertical; q̃ era abreviação de que; senhor era masculino e feminino no português antigo):

enter image description here Cancioneiro de 1572, depois transcrição da Universidade Nova de Lisboa e a minha “tradução”.

Ou comparem esta transcrição desta cantiga de Mem Rodrigues Tenoiro e Julião Bolseiro com o original do Cancioneiro.

Mas a primeira edição d’Os Lusíadas, 1572, já traz ah:

enter image description here Luís de Camões, Os Lusíadas, 1572, canto X, f. 167.


Por esta altura a grafia ah já deveria ser comum, pois Duarte Nunez de Lião fala dela na sua Orthograhia da Lingoa Portuguesa de 1576. O autor oferece também uma explicação fonética para o h. Diz ele que o h assinala uma “aspiração ou assopro com que se pronunciam as letras a que se ajunta”, acrescentando que no português essa aspiração só se faz sentir nas interjeições ha ha e ah (original à esquerda; grafia atual à direita):

enter image description here Duarte Nunez de Lião, Orthograhia da Lingoa Portuguesa, 1576, f. 8.

Parece-me que o senhor tem razão: o ah de “ah! minha senhora, que pena” é diferente do à de “dê isto à minha senhora”.


O oh mais antigo que encontrei é de 1590 (minha transcrição à direita):

enter image description here Vasco Mousinho de Castelbranco, “Emblemas, De la musica enemigo”, Vida e Morte de Santa Isabel Rainha de Portugal, 1590, f. 102.

No entanto o que é comum ainda nesta época é o ou oo. Mas edições do século XVIII de obras deste período já trazem oh. Por exemplo, o Erros meus, má fortuna… de Camões vem com o numa edição de 1616 e já com oh numa de 1739:

enter image description here Luis de Camões, Erros meus... edição de 1616 e edição de 1739


Já no Auto da Alma de Gil Vicente, encontramos oo na edição original de 1561 e oh numa edição de 1834:

enter image description here Gil Vicente, Auto da Alma: original de 1561 e edição posterior de 1834


Não é de espantar que ah tenha substituído a no século XVI. A grafia portuguesa medieval era essencialmente fonética; a partir do renascimento foi fortemente influenciada pelos “redescobertos” clássicos gregos e latinos. Foi por exemplo por esta altura que história substituiu estória (ver esta minha resposta) e que desapareceram ome e omem, por homem (Corpus do Português). A adoção mais lenta de oh deveu-se talvez à coexistência de o e oh no próprio latim.

Jacinto
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O uso do h após as vogais, quando usado em interjeições, representa um breve alongamento na pronúncia. O uso é limitado a interjeições, não existindo em outras palavras. O h pode ser repetido tantas vezes quanto mais prolongado for o som, como por exemplo:

"Ah!": a fala é curta, como em uma surpresa. Pronuncia-se "AA!".
"Ahhhhhh....": som prolongado, como em um desapontamento; pronuncia-se "aaaaaammm".
"Ahhhhh!!!": um grito muito longo e prolongado, como quem viu um fantasma. Pronuncia-se "AAAAAAAAAAA".

O mesmo pode ser usado com i, o, u...

"ihhhhhhh...." = Usado para expressar desapontamento, pronuncia-se "iiiiiiiiii".

"Ohhhhhhhh..." = Usado para expressar surpresa, pronuncia-se "óóóóóóóó".

O numero de "h" usado na escrita depende do quanto se deseja prolongar na pronúncia.

Com o advento da informática, nos anos 90, os primeiros teclados de computador eram padrão americano (EUA), e não possuíam as teclas em português (ç, ~), não era possível escrever os acentos. Assim, muitas vezes para diferenciar o "á" ou "é" do "a" e "e", usava-se H no final da palavra, como em:

Peh = pé Babah = babá

Esse uso, entretanto, é recente ( apenas com o advento da informática), e não se confunde com o uso das expressões originais "Ah" que é muito antigo e se confunde com a origem da língua.

Atualmente, a maioria dos teclados e sistemas informatizados possui os acentos (padrão unicode), sendo muito menos utilizadas.

Jacinto
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Zuabros
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Pesquisei bastante e achei uma coisa sobre isso...

Primeiro que antigamente as máquinas de escrever e computadores na maioria das vezes não tinham teclados brasileiros, ou seja, sem acento. Então as pessoas usavam h após as palavras para substituir o acento.

Hoje em dia as coisas são mais confusas, conheço bastante gente que usa h nos finais das palavras justamente para "parecer mais" com americanos... Alguns também usam para dar mais "emoção" as palavras como ihhhh, etc. O resto já são aquelas pessoas que todos nós conhecemos bem, os inimigos da Língua Portuguesa

Marcos Sartorato
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